quinta-feira, 26 de abril de 2012

Observatório de perguntas




Observatório de perguntas

É chegada a noite e eu logo me preparo para algo que já virou quase que um ritual em minha vida. Fico ali, sob as estrelas (ou sua ausência), apenas olhando para o céu.

Fico comigo mesmo por alguns minutos apreciando todos os mistérios que pairam sobre minha cabeça. Penso também na minha aparente insignificância em relação a tudo isso. Contraditoriamente, ao me dar esta dose diária de consciência daquilo que possivelmente eu sou, acabo por me sentir ainda mais vivo. Acabo por me sentir ainda mais presente na minha própria existência e, assim, um pouquinho menos insignificante. Porque não importa o quão grande você queira ou pense ser, afinal, você não será nada se não tiver a verdadeira noção da dimensão do Universo que te rodeia.

Aprecio cada segundo como se fosse a primeira vez que estivesse fazendo aquilo e também como se fosse a última. E, de certa forma, é mesmo a primeira e a última vez, porque o céu nunca é o mesmo céu de uma noite para a outra.

Não me cansa observá-lo todas as noites porque o céu, provavelmente, é o algo visível que mais se aproxima dos meus anseios invisíveis. É impossível olhar para as estrelas e não ficar intrigado com o fato de que aquilo que vejo, ou penso ver, nem sequer existe mais. Como pode algo que vejo não existir se usualmente o que acontece é o contrário, ou seja, geralmente eu não vejo as coisas nas quais eu sei que existem. Então olho para a imensidão negra acima de mim e vejo muitas coisas, inclusive este paradoxo.

Olho para o céu e me pergunto: “até onde vai esta imensidão? ” Porque, para mim, sinceramente, ainda é um pouco inconcebível o conceito de infinito. Olho para ele e penso, “até onde eu poderia alcançá-lo em sua infinitude? ” “Seria o meu alcance infinito, assim como ele? ” Pergunto-lhe também: “há mais alguém por aí? ” E, embora minha pergunta acabe sempre se propagando solitária e sem nenhuma resposta por aquela vasta escuridão de pontinhos brancos, é quase probabilisticamente impossível que em algum lugar “vivo” ela não vá repousar.

Diante de tantas indagações, torna-se inadmissível não dedicar ao menos um momento do meu dia em admirá-lo. Admirar suas cores, sua imensidão, seus mistérios, mas, acima de tudo, admirar suas perguntas sem respostas.

E você, já olhou para o céu hoje?

MAD


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